quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sobre a criação do texto

Eu estava indigando com os poucos versos que Julieta dava antes de morrer. Andei angustiado com isso. O cara morre e ela continua viva. Era pra ter morrido junto. Mas não... esse pedaço de profunda lacuna. Em alguns segundos o monólogo pode existir: talvez tudo não passe de dois minutos enquanto sua mente processa muito.
Os versos são bonitos. A morte é clara, mas duvidosa. Se ela tentasse não morrer, se tudo dera errado...
Se.
O jogo do se está neste texto dramatúrgico. O se, é palavra do teatro. Mais que da literatura. Certamente mais.

Julieta se estende neste "pequeno monólogo". Nisso, tenta entender a morte e o amor, mas também o futuro.

De repente, antes do suicídio, ela é tomada de um intenso salto qualitativo.

De repente, é como se eu pudesse vislumbrar Julieta com os olhos contemporâneos: ainda há alternativas, ainda há, ainda haverá.

As angustias deste texto foram criadas a partir da disciplina Encenação Teatral II, pelos anos de 1999... por aí. Eu fiquei satisfeito com a montagem da pequena cena: texto original do Shakespeare, em que a Julieta era um tipo necrófila por seu Romeu (mote do encenador), porém, paralelo a disciplina criei meu próprio texto.

O texto originalmente foi encenado pelo Grupo Círculo, projeto A Fome em Três Atos. Foi um grupo de artistas reunidos. A atriz originária: Gabriela Haviaras. Saudades.

Um imenso prazer retornar a montá-lo. Um imenso prazer re-encarná-lo também.

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