sexta-feira, 29 de maio de 2009

Direção Insábia

Há ainda muito a fazer. Sempre há. Numa direção como esta, em que o texto também foi escrito por mim, vejo um embaço de idéias entre o mim-autor e o mim-diretor. Estreante, no que se refere à direção voltada ao público maior.
Anteriormente, pude ter minhas experiências teatrais na Universidade montando cenas de peças de dois autores: Nelson Rodrigues e do próprio Shakespeare (época em que pensei na escrita do monólogo presente). Algumas oficinas de direção também me deram suporte ao entendimento do papel do encenador, das estéticas, tanto quanto o fato de atuar, mas mais ainda a base sólida de textos lidos na Universidade, da época da graduação.
Mas há a vida. Sempre há e minhas ideologias próprias e nem sempre invictas, embora convincentes a mim mesmo. Disto não mudou muita coisa da época em que escrevi o texto para cá. Mas vamos lá que nunca havia pensado em um dia me colocar na posição de diretor teatral.
Agora sim.
Já estou aqui.
Dirigir é uma arte muito complexa, não é apenas passar marchas. Há que se entrar em estrada-sombra, escura de si mesmo. Um lugar que seja do alcance da arte, mas tenho sorte. Por sorte tenho e concentro meu foco no trabalho da atriz. Mas ela é a grande árvore e o ator sua raiz, o ator-Romeu. E eu quero os frutos deles no meu boletim.
Como fazê-lo se não podar certos entraves, não de cena, de mim. O texto há muito não é meu, é do tempo. Mesmo assim me atravessa. É neste tempo.
O meu jogo é de distância e aproximação contínua entre texto e cena e minha inspiração vem em decorrência das várias estéticas fascinantes que me brilharam os olhos da época universitária.
Sairá um trabalho maduro daí? Não sei ainda. Ponho minhas dúvidas em cena. Coloco na mão dos atores, delicadamente, uma responsabilidade incrível com assinatura minha. Eles aceitam o passeio no meu carro escuro. Conquanto o texto seja belo e instigante, a minha direção ainda é insabida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário