O Romeu é corpo, nunca objeto. O Romeu.
Deus e Romeu estão em todos os lugares?
O primeiro processo de criação vem de uma riqueza de estratégias e de possibilidades incríveis, abertas apenas no jogo com essa matriz inicial. Dialogar em um monólogo é o que há de mais difícil.
Encaminho certas ações nas quais a atriz corresponde e dialoga: cria em cena.
A cada parágrafo encaminhamos novas ações e nossas triangulações possíveis. Criamos o texto num jogo de metáforas e ressignificações do corpo-Romeu e dos objetos em cena além, é claro, do espaço ao redor: mausoléu.
Faz frio? Está quente? O ar é abafado ou surge vez ou outra uma raspa de vento?
Fala pra si mesma também.
Em um segundo processo a atriz está entregue, pois tem o texto e o domínio da cena. Mais que isso, o domíno do tempo.
É no domínio do tempo que o processo de criação da atriz inicia-se em busca da explosão de sua energia potencial. Ou: como é mesmo aquele termo da Física? Eu não sei. Dirijo. Dirijo a explosão dela e dele, que por vezes chora.
A respiração deles cria um diálogo. O ouvido dele cria um diálogo. É ator e atriz. São dois personagens não gratuitos e dispostos: eles me cercam.
As possibilidades de cena começam a chega no ponto inevitável do jogo: é o jogo do diretor e da cena. Quando as significações e ressignificações possíveis se limitam, entra o jogo no qual o diretor deve despir-se também: montar, remontar, criar, recriar sobre o que já foi feito: deletar e refazer. Refazer agora, lá, em outro momento. Isso que era aqui e agora será lá. E isso que era lá, ainda serve?
Terceiro momento: uma larga rua, mas apenas uma. É essa mesma?
Não sei, não sei. Talvez fosse preciso voltar tudo de novo.
Não sei. Não sei.
O diretor esbarra num jogo cúbico e dificultoso.
O diretor teme.
O diretor ou encenador ou autor está com frio.
e de poesia diário-de-criação é feito o diretor.
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